Identidade

Nomes?

Para quê?

Eu não sou a Bárbara, não.

Sou mais do que diz uma certidão de nascimento ou uma carteira de identidade.

Talvez seja bárbara para alguns.
Mas eu não caibo em carteiras,
nem em palavras.

Eu não me resumo a rótulos.

Sou uma mutação
e isso é culpa dos meus pais.

Sou o reflexo que vejo no espelho.

Sou o texto que escrevi,
o livro que li,
o filme a que assisti,
a música que escutei,
a comida que comi.

Sou o que você vê e o que você fala.

Sou isso.
Mas não só isso.

Sou também aquilo,
aquela,
ela,
eu.

Sou tanto que não sou nada.

Sou o agora,
o instante,
o presente.

O que já foi,
o que ainda vai ser,
eu não sou.

Sou um frame,
uma foto.
Uma fração de realidade,
um momento.

O que fui não sou mais,
é passado,
já foi.
Eu fui.

Eu sou por que você é e você é por que eu sou.

Sem você, eu não seria eu.

Sem você, eu seria outra para outros
ou nada para ninguém.

O que serei?
Não importa.
Não me importa.

Por que eu serei,
eu sei.

Serei cadáver,
serei pó,
serei poeira.

Cedo ou tarde.
Eu serei.

Um comentário:

  1. Nossa, que fatalismo, hahaha. Gostei. Li os primeiros e a impressão que fica é a de que você se liberta através da sua escrita. Às vezes suave, às vezes forte, mas a sua essência está sempre ali, !atente. Mas é isso: você escreve para se libertar do que quer que seja que estiver lhe tolhendo e sufocando. Vou ler mais!

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