Fecha os olhos
Sente.
Nossos corpos
respiram juntos
o mesmo ar.
Suspira.
É a língua do amor
que me interessa.
Esquece o resto.
Nada existe além de mim.
De nós.
Daqui.
Do agora.
Nada importa além dessa harmônica sinfonia dos sentidos.
Olha para mim.
Vem encontrar seu caminho aqui dentro.
No âmago de tudo que me constitui.
No fundo, no cerne, no centro.
A essência que você prova, aprova
e sempre volta implorando por mais.
Bárbara
Adjetivo biforme simples.
Substantivo primitivo próprio e comum.
Feminino.
Singular.
Não, diverso.
Melhor, múltiplo.
Sem freio, floreio, beleza ou canção.
Sem gosto, apetite, talento ou tesão.
Uma grande piada.
Utopia, suposição.
Delírio. Devaneio. Desvario.
Pateta, perdida, absurda.
Louca.
Sem pé nem cabeça, coitada.
A arte de ser
O exercício de olhar para dentro de mim mesma tem que ser diário.
Perceber o quão forte é toda a intensidade que guardo, o quão bonita é a poesia que corre pelas minhas veias, carregada pelas hemácias do meu sangue, oxigenando cada canto do meu corpo com a fonética das minhas palavras mais belas.
Eu sou arte.
Esse conjunto de células, tecidos, órgãos e sistemas que me permite estar aqui, viva, forte, teimosamente em pé e funcionando.
A constante viagem interior, essa introversão que me acompanha, que me define desde muito nova, é a benção e a maldição de uma vida inteira.
Mas hoje, especialmente hoje, ela é um dos meus maiores motivos de orgulho.
E que se foda quem pensar diferente.
Eu sei exatamente quem sou e me admiro por conseguir ser essa enormidade toda, apesar de tudo, apesar dos pesares. Tenho orgulho das minhas ideias, de ser capaz de defendê-las, sem medo e com argumentos próprios, bem ponderados, analisados, filtrados e constantemente criticados por mim mesma.
Estou sempre mudando, em uma eterna evolução, como deve ser. Sem medo de errar, sem medo de admitir meus próprios erros, com humildade suficiente para pedir desculpas e seguir em frente, eternamente em busca da minha melhor versão.
A vida requer que sejamos verdadeiras metamorfoses ambulantes, o processo de lapidação de nossos eus é infinito e eu não canso de esculpir, de aprimorar, de aperfeiçoar essa arte singular que é ser Bárbara.